21 de novembro de 2011

Eu escolho a liberdade.


     Como sabem, minha preferência por um vestuário alternativo faz com que meu gosto estético seja bastante questionado. Sempre gostei de roupas que beiram o utilitarismo. Estar bem vestido, ao meu ver, é estar confortável. Ainda fundo uma religião onde o sacerdote precisa vestir-se de forma alternativa. Se bem que existem várias, mas nem em todas tenho o acesso aos cofres. Se fosse minha, o cofre seria meu.


     Não tenho aquele problema, comum aos seguidores de religiões monetárias, com o dinheiro da instituição. Não encerrei este capítulo de minha vida por causa de dinheiro. Quer dizer, não só por causa disso. Não consigo permanecer em um lugar onde o dinheiro fala mais alto. Ou seja, não pertenço a este mundo. Assim como significa possibilidades abstratas, não quer dizer que ao pagar por uma aula particular, somos donos do professor. Não mesmo. Assim como se suportamos alguma instituição de caridade, não significa que somos donos desta. Cada um tem seus próprios demônios e respondem aos seus próprios desígnios morais. Não tenho fé em justiça, principalmente se esta vier depois da vida. Se isso é verdadeiro, naturalmente se torna injusta.


     Como sempre fui uma pessoa que procurava os motivos pelos quais as coisas acontecem, e exagerado, acabei por descobrir como muita coisa acontece. Grande parte do que se diz responsabilidade de algum espírito é, na realidade, um bom esquema de informações bastante humano. Tenho conceitos estereotipados de cada pessoa quando revelam sua orientação religiosa, mesmo que adormecidas. Dificilmente erro. Mas reconheço quando alguma pessoa manifesta uma ponta de sinceridade. Não desmereço religião alguma, desde que dê o conforto que a pessoa procura. O que detesto, como já disse, é o proselitismo. Isso é doentio.


     Tornei-me uma espécie de questionador de tradições. Nisso não há instituição que gostaria de me manter, afinal toda instituição prova seu valor na tradição. Hoje quase ninguém faz algo realmente sincero. Por não haver um produto novo no mercado, todos se baseiam no que já foram. No que fizeram no passado. Matemática é uma ciência cruel em relação a isso. É praticamente a religião da lógica. É isso, sou crente na lógica. Apesar disso fazer muito pouco sentido.


     Minha mãe nunca determinou o que eu deveria ser quando crescer. Creio que fui traumatizado ao contrário a fazer qualquer coisa. Ela sempre disse isso, que eu faria qualquer coisa que quisesse. O problema era saber o que queria. Até hoje não acertei, mas também não tenho pressa. A história religiosa de minha mãe é daquelas de escritores de best-sellers de livros com esta temática. Não, realmente é melhor. Outro dia ela, inocentemente, perguntou se eu não gostaria de me tornar padre. Sinceramente? Seria ótimo. Quer desculpa melhor para sair com roupas espalhafatosas e ainda mais ser respeitadíssimo/temido por todos? Bem que eu queria.


     Desculpe. Mas eu não acredito. Apesar de um pouco de descrença seja fundamental para um clérigo (sim, eu sei do que estou falando), não tenho, pelo menos ainda, aquela sede por controle. Prefiro a liberdade. E isso, só através da educação. E tem como libertar a todos?


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