25 de novembro de 2011

Da defesa do invisível



     Pareidolia é a capacidade de interpretar determinadas características específicas como expressão facial. Dois pontos acompanhados da letra "d" maiúscula, formam um símbolo facial que demonstra uma felicidade contagiante. E não é doença, ver nos chamados emoticons, rostos. Ou até compreender o que sente uma criatura que apenas existe em seu cérebro.


     O ser humano sobreviveu de tal forma a adaptar-se de todas as formas possíveis. Se há uma grande proeza em ser homo sapiens é a adaptação. Construímos, organizamos, calculamos e prevemos cada uma de nossas necessidades, imediatas ou não. Um dos indícios de que evoluímos, são fragmentos físicos ou mentais que permaneceram, sem utilidade imediata.


     O medo do fogo é praticamente natural. Assim como algumas coisas nos parecem intuição, pode ser apenas uma dessas estruturas que não nos abandonaram. A nossa capacidade quase irracional de reconhecer expressões nas mais difíceis sombras e fumaças são vestígios de que evoluímos. Parte do isso faz por nós é automaticamente determinado pela sociedade. Nossos contratos sociais, assinados na fecundação, exige que não respondamos diferente quando perguntarem se estamos bem.


     Parte das lendas são interpretações de grandes idéias. Divindades gregas e romanas explicam detalhadamente como era o contrato social daquela época. E quando me refiro aos contratos sociais, não são apenas aquelas características coletivas, mas englobam também todo e qualquer comportamento esperado. Se deuses eram seres poderosos com paixões humanas, além dos anseios dos mortais, provavam que as decepções não dependem da capacidade do ser. Até os deuses choravam, sofriam e se alegravam.


     Em um mundo onde uma boa fábula ou parábola seja transformada em uma verdade absoluta, estamos lidando com diversas considerações e interpretações tortuosas, baseadas em parte aos nossos comportamentos quase irracionais e a ideia da ambrosia. Sim, utilizamo-nos da capa pseudocientífica ou religiosa para tornar-nos intocáveis. Se houver uma justificativa mística para tal ato, melhor ainda. Afinal, quem questiona esse tipo de argumento?


     Se algo ocorreu e foi a vontade de uma entidade sobrenatural, por que esta mesma entidade não se manifesta de forma mais humana, a qual toda a fábula é sustentada, na igualdade entre entes superiores e inferiores? Não é mais simples que a natureza seja sábia o suficiente para manter a capacidade energética entre dois meios, céu e terra, equilibrada por meio de um relâmpago? Ou que em sua inconsciência, mantenha placas resfriadas mas fragmentadas? A Navalha de Occam coça, e me faz questionar tudo isso, até que se possa observar indícios nos dois cenários.


     Parece que a entidade superior não vem se defender.


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