22 de novembro de 2011

Da expressão facial



     Fui ao médico hoje e tive algumas notícias ruins e uma boa. A boa é que minha capacidade de expressar o que sinto através da flexão muscular do meu rosto. Durante uma das explicações da minha nova prática alimentar, a nutricionista curvou-se, como se aliviasse a tensão, fez uma careta de dúvida e disse:


     - Você não está motivado, não é?


     Ela disse isso duas vezes. Mesmo eu explicando minha posição em relação ao caso. Como eu havia dito, não estava motivado nem desmotivado. Estava neutro. Aliás, estou neutro. Sempre fui assim neste assunto. Apesar de tudo, relembrei minha capacidade facial de não transparecer ideia alguma. Neste caso, a profissional da saúde interpretou como se eu fosse um de seus costumeiros clientes. Um obeso com aversão aos desígnios nutricionais.


     Não tenho problema algum com reeducação alimentar. Pelo contrário, sou muito favorável. O que me impediu a vida toda de fazê-lo é a minha incapacidade de manter alguma rotina por muito tempo. E meu relógio biológico está desregulado faz tempo.


     Não a culpo por ter sido tão descrente em minha atitude caótica/neutra. Afinal, se é o comum, nem todos aqueles que iniciam o processo chegam a um ponto saudável. Quando as dores encerram, encerra-se a batalha contra as causas.


     Mas preciso fazer isso hoje. Gostaria de ter uns anos a mais para me estressar com meu android. Quer dizer...


Nenhum comentário:

Postar um comentário