1 de novembro de 2011

Sete bilhões de habitantes, todos no singular.


     Outro dia fui surpreendido quando ouvi alguém que considero absolutamente sensato e razoável dizendo que desejava morrer antes de presenciar uma determinada situação. Como conheço essa pessoa desde minha infância, lembrei que eventualmente o assunto "morte" aparecia em seus discursos. Sempre me preparei para que este dia chegasse, afinal sempre fui muito bem avisado.


La muerte.
     A morte já foi celebrada (e ainda é em algumas culturas) de forma mais alegre. Um sentimento que gera esta alegria é algo que pode ser sintetizado nas palavras de Steve Jobs, algo como o velho dá lugar ao novo. Ele se foi, nasceu o bebê de número 7 bilhões. Situações se sucedem em uma linha do tempo, coisas vão acontecendo e deixando de acontecer como se testassem nossa atenção aos fatos. Tanta coisa aconteceu neste intervalo de tempo mas o livro que conta nossa história acaba por registrar apenas alguns pontos, os que considera mais relevantes. A morte é bastante relevante.
Me dê a mão, vamos cantar.


     Somos máquinas de reconhecer padrões. Temos mecanismos mentais de percepção e não é nada sobrenatural. Através da empatia conseguimos ver se conforme falamos as pessoas concordam ou não. Nossa empatia não passa de uma interpretação de sinais superficiais produzidos pelo nosso rosto. Sim senhor, sua grande habilidade de saber o que os outros acham dos assuntos tratados não passa de um refinamento disso. É muito usado por vendedores e por isso muitos deles conseguem realmente convencer as pessoas que seus produtos são realmente bons. Vão falando conforme "sentem" o cliente.


Um bebê.
     Desenvolvemos todo um sistema social do qual não perguntamos aos bebês se querem participar. Eles que se adaptem ao nosso gosto. Cultura essa que lhes é impressa e vai sem chance de devolução. Apesar de que podemos não aceitar algum artigo do contrato de convivência, muitas vezes pela simples visualização da possibilidade de não haver algo lá fora, dobramos nossa vontade ao coletivo.


Presidente com as leis
da robótica? Nah.
     A morte não é bem-vinda nesta época de margem entre o desenvolvimento e o renascimento tecnológico. Onde todos estamos mais próximos da vida eterna do que da natureza. Mas ainda somos humanos. O padrão da vida é a morte. Este reconhecemos bem. E vamos estranhar muito quando a chamada singularidade humana aparecer e mostrar que viverá para sempre.


     Seja bem vindo ao planeta, criança. Sejam bem vindos ao planeta, crianças. Nosso ponto em comum nesta vida é o solo onde pisamos, os padrões deste já são bem observados. As pessoas já vivem em um grande experimento diário de percepção das reações de outrem. Se não fosse por isso, não teríamos sobrevivido para gerarmos estas crianças hoje. Celebramos a vida destes novos seres, poderemos celebrar suas mortes também?


Vida digitalizada já há. O próximo passo é deixar de existir a orgânica?

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