Freud não estava de todo errado. Inclusive, do pouco que li sobre psicanálise e dele, discordamos pouco. Mesmo achando Jung mais simpático. Em pensar que na virada do século XIX, algumas universidades respeitadas mantinham no currículo assuntos hoje retidos pelas páginas de livros infanto-juvenis. Em meio uma salada de frutas ideológicas, nasce um braço da psicologia moderna que tenta explicar como traduzimos os estímulos externos em correntes elétricas transmitidas por pequenos condutores. Ainda sabemos pouco sobre o cérebro, mas observações cada vez mais precisas e com instrumentos tecnológicos inimagináveis na época do pai da psicanálise, nos auxiliam a compreender cada vez mais como essa massa que assemelha-se a um chiclete mastigado, funciona. O foco que percebe-se é o "como" as coisas se encaixam em nossa mente. Um dos pilares práticos dessa perspectiva, é uma das coisas que mais me encanta.
Não é um charuto. |
Cerâmica interplanetária. |
Quando temos medo, buscamos prontamente em nossas memórias, momentos em que não tivemos medo. Pessoas as quais não permitiriam que sofrêssemos algum mal. Se não existe a possibilidade de um ser humano impedir este processo interno, nos resta seres que possam estar dentro de nós, ocupando o mesmo espaço. Para isso, precisamos além de desafiar leis da física, sucumbir e declarar que a capacidade corporal e psicológica pessoal é insuficiente para proteger a si. Nisso nasce deus. Nietzsche diz como ele morre e eu digo como nasce. Associamos várias características, como etiquetas, em todas as nossas imagens, os arquétipos que tentamos contornar. Quando encontramos dificuldades um tanto mais humanas, mas fora de nossas capacidades, apelamos para aqueles que confiamos. Transferimos nossas responsabilidades e clamamos por ajuda. Em uma sala de aula isso é comum.
"Professor! Acho que não entendi aqui..." |
Oh, vô... Quero dizer... Professor!
Foi o que eu ouvi outro dia na sala de aula. Sinto me lisonjeado. Esta criança mantém a imagem do professor próxima daquela outra que a protege, que a acolheu da fúria dos pais, que provavelmente a ama quase incondicionalmente. A minha imagem. É uma grande responsabilidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário