19 de novembro de 2011

Um dia bom de herança.


     Estou ficando surdo de um ouvido. Pode ser qualquer coisa. Meus anos de House e ER, me garantem que não é lúpus. De resto, pode ser qualquer coisa. Interessante é pensar que pode ter um fundo psicológico neste caso. Assim como posso ser facilmente confundido e levado a acreditar que sofro de inflamação dos seios paranasais, chamada de sinusite, quando estou em um período delicado de reflexão sobre existência e motivação. Sim, todos devemos parar um momento e repensar se estamos fazendo o que gostaríamos e, mais importante, se não, procurar para que daqui a dez anos a frustração não se repita.


     Uma das coisas mais interessantes sobre minha pessoa é que quando mais de uma pessoa está falando comigo, não consigo entender nenhuma. Se for considerar o fato de que dou aula de matemática para o ensino fundamental, onde todos são absolutamente dependentes e reclamões. A segunda característica os acompanhará pela vida toda. Quando encerro a explicação de determinado exercício, recebo uma enxurrada de solicitações de visita aos lugares que habitam, filas se formam perante o quadro e todos falam simultaneamente comigo. Neste momento não entendo nem meus pensamentos.


     Meu pai tem olhos azuis belíssimos. A pele dele é sensível, qualquer fricção já gera um hematoma e cortes. Como a natureza é sábia, dotou-me das características mais úteis: herdei a pele. Meu irmão eventualmente pode ser pego falando que é muito azarado por não ter herdado as safiras nos olhos. Ainda se eu tivesse não ficado com uma pele sensível e que ardesse frequentemente, talvez precisasse de alguma outra forma de manifestar meu humor. Quando estou em um destes momentos tensos, como organizações das quais não posso fugir de fazer, minha pele do rosto se solta. Me sinto feito de areia. Meu rosto fica repleto de fendas facilmente escondidas pelos hidratantes, os quais fui proibido de usar pois prejudica minha proteção contra o sol. Obrigado, pai.


     Quando a temperatura sobe um pouco, meu rosto se desmancha. Se desce, ele se desmancha. Havia uma palavra em um comercial, a qual acho o som estranho, que descreve bem o caso: "craquelar". Eu "craquelo" quando qualquer coisa acontece. Isso significa que meu rosto fica tomado por flocos de neve principalmente quando não estou em um bom dia. Ou em um "dia-bão", como dizia um amigo.


     Meu sistema nervoso anda um pouco descontrolado. Nem sinto tanta pressão assim. Preciso de um corpo novo. E, sim, apesar disso soar um tanto quanto estranho, fui comparado a um dos vilões do manga Naruto, por ser uma serpente que eventualmente troca de pele. Só que no quadrinho, a troca de pele refere-se ao corpo todo. Uma espécie de terror em desenho.


     Isso tudo reforça minha ideia de morar em algum lugar onde o outono seja frequente. Afinal, calor não me agrada e as quatro estações bem definidas no sul também não torna meu dia bom. Mas, se eu não tiver sorte, vou ouvir apenas metade das reclamações que ultimamente recebo. Isso é bom, não?


Nenhum comentário:

Postar um comentário