12 de novembro de 2011

Quimerismo literário ou "não entendi nada que escrevi"



     Uma quimera, por definição, é um ser oriundo dos sonhos. Espécie de criatura a qual poderia combater qualquer ideia por não ser inteiramente constituída de uma única forma. Se inventarmos uma arma que pudesse cegá-la, ela teria outra cabeça. Se um chão de óleo fervente nos separasse, ela voaria. Apenas pessoas notáveis, as quais não pertencem ao povo comum, são capazes de superar estas criaturas.


     Tenho um problema sério, não fico muito tempo fazendo uma mesma coisa. Quando estou lendo algum artigo em seguida me pego ouvindo música ou conversando com alguém.  Uma espécie de síndrome do tudo-me-interessa. Wikipedia é um veneno para minha produtividade. Se encontro um artigo interessante, o leio em português e em inglês, leio todas as páginas relacionadas, analiso as imagens demoradamente, ou seja, o texto que deveria ter escrito ficou para depois da meia-noite. Gostaria que houvesse uma profissão que levasse em consideração a quantidade de informação a qual consegue imergir em menos tempo. Sou um monstro de 30 abas no navegador.


Pira nessa.
     Hércules é uma das personalidades mitológicas mais interessantes que já li sobre. Foi muito mais tenso do que os seriados e filmes do Kevin Sorbo fazem parecer. Apesar de ter gostado muito deles, a história é muito mais dramática. O ponto que gostaria de usar como exemplo, foi a morte deste ícone. Quando se viu tomado pelo desespero de ter matado os próprios filhos, decidiu encerrar com a própria vida. Ao fazê-lo, montou sua própria pira funerária e jogou-se nela. Sua parte humana, vinda de sua mãe, queimou naquele instante. Já a parte divina, proveniente de Zeus, tornou-se a constelação.


Belerofonte, o que derrotou
a quimera.
     O que me impressiona é que eventualmente meu pensamento é tortuoso. Mas acabo por encontrar pontos em comum nas diversas coisas que passam pela minha cabeça. Creio que se pudesse determinar coisas nas quais sou bom, a primeira realmente seria abraçar. A segunda seria encontrar pontos em comum. O drama aqui se localiza no fato de que muitas vezes começo escrevendo sobre um assunto e salto para outro. Eventualmente o tempo verbal muda. A pessoa também. No copia e cola eterno da vida, acabo por esquecer as pontes de conexão. Sim, sou um poço de descuido, e não porque já fui considerado um, isso é um estado de espírito.


Parte humana, parte celeste.
     Toda história carrega um tanto de informação desnecessária e um fragmento de quem a escreveu. Parte de uma lenda é na verdade o que sente o povo que a sustenta. Assim como astrologia e astronomia teve uma origem semelhante, seguiram por caminhos distintos. Filosofia não só procurava explicar o que a ciência não alcançava, era a própria ciência. Enquanto haviam cavalos voadores, homens fortes como um touro, criaturas geradas por apenas uma mãe, e outras coisas, os humores, comportamentos e experimentos eram observados, desenvolvidos e explicados por estas histórias.


     Sobrenatural serve para confortar-nos enquanto não encontramos uma solução mais razoável para os casos apresentados. Minha forma de escrever é assim. Como ouvi outro dia, minha forma de me expressar é assim. Sou uma quimera na comunicação. No fim todos entendem o que quero dizer. Assim espero. Ou terei que criar alguma desculpa sobrenatural até que eu descubra o que fazer.


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