8 de novembro de 2011

Horário pessoal ou "sou um morcego"


      Desde que me conheço por gente, tenho uma grande aversão ao calor em excesso. Não sei se é associado aos meus problemas de pele, mas não gosto de temperaturas elevadas. É contrastante o fato de ter ido morar na antiga capital do império brasileiro. Pior que isso apenas a região amazônica, mas nunca tive este desprazer. Nem pretendo ter. Quem me conhece (ou apenas lê o que escrevo no twitter) percebe que a tendência é ir para algum lugar menos quente.


Procuro esposa Islandesa.
     Todos temos uma espécie de relógio interno. Acabamos por deformar nossos ponteiros conforme os horários de banco, ou "horário comercial". A existência destes períodos marcados não é necessariamente ruim. Afinal, é interessante prever a sequência de atividades observando os horários de abertura e fechamento dos estabelecimentos. O que não pode acontecer é acreditar que o tempo é fixo. Que não há como viver se não for em horários correlatos aos dos outros. Graças a Einstein, o tempo não é mais uma grandeza sólida e imutável.


     Sempre manifestei minhas preferências por atividades noturnas. Nada libidinoso. Poderia ser professor no turno oposto do sol. Simples. Tenho uma sensibilidade extrema ao sol. Minha pele arde com pouca exposição. Meu rosto está em uma fervura perpétua. Sou um tanto quanto fotofóbico. Tenho todo o aparato fisiológico para ser um belo morcego gigante. E, se é para ter exigências, as minhas condições são essas. Passo a madrugada acordado tranquilo se puder dormir durante a manhã. Durmo a mesma quantidade de horas, mas em um período deslocado.


Só de ver a cara, me dá sono.
     Descartes foi um homem muito inteligente e observador. Dele vem aquela frase "penso logo existo", tão mal empregada. Há fontes não sólidas (quase uma lenda) que falam sobre a criação do chamado plano cartesiano, a representação gráfica de cálculos matemáticos, que sustenta uma boa parte da matemática convencional. Essa conta que o tal plano foi fruto da observação ociosa do movimento de um inseto, enquanto o sujeito estava deitado na cama em plena manhã. Acostumado a seguir o seu próprio horário, submeteu-se aos desígnios de estudo de uma certa nobre e em seguida morreu. Não há como não fazer uma relação sobre os dois fatos. Podemos entender que quando o que fazemos não concorda com o que sentimos, é como se já estivéssemos mortos.


     Prefiro ficar vivo. Ainda trabalho no período diurno, mas como ouvi uma vez, meu ápice profissional será quando puder escolher meus horários. Será quando meus alunos me entenderem. Será quando o mundo perceber que saberes matemáticos podem ser facilmente traduzidos para outros campos de conhecimento. Inclusive atravessar a ponte construída pelos homens, para separar as ciências. Pode ligar as humanas e as inumanas, ou como chamam as outras.



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