18 de novembro de 2011

Um transtorno obsessivo coletivo.


     Como não tenho posses, preciso recorrer ao Sistema Único de Saúde sempre que preciso de atendimento médico. Não reclamo do SUS pois sempre fui muito bem atendido. O que me impressiona e é uma prática comum do povo que utiliza o serviço. Uma característica em comum aos bancos, correios e outras instituições de acesso público. As filas.


     Comportamento de manada é como chamamos aquele curioso movimento de animais em conjunto. É muito bonito ver aquele conjunto de zebras correndo ao menor sinal de ameaça. É um mar branco e preto. Parte de nossa infância foi triste por causa dos efeitos de um movimento destes. Um fragmento do conhecimento humano tem como objeto de estudo o comportamento coletivo dos seres. Inclusive o nosso comportamento coletivo.


     Enquanto eu crescia, era necessário ir ao posto de saúde as cinco da manhã para garantir a consulta. Lembro que torci o pulso e a espera na fila resolveu o problema. As filas eram inevitáveis. E enormes. Principalmente quando se está com dor.


      Durante um período não era preciso acordar as cinco da manhã e enfrentar uma fila no frio para garantir atendimento médico. Era apenas apresentar-se no posto de saúde durante o período da manhã que era devidamente marcada uma consulta. O posto abre as oito horas. As pessoas iam para lá as cinco da manhã, passavam frio e faziam fila.


     Todas as formas existentes de organização de espaços para evitar formação de filas são burladas. Somos obcecados por filas. Gostamos dessa sensação de poder em estar na frente de outrem. E admirar quem chegou minutos mais cedo. Admirável mundo novo.


     Filas, acordar cedo para chegar primeiro, passar frio sem necessidade. Sofrimento coletivo. Obviamente o atendimento voltou ao método anterior, por ordem de chegada. O que me obrigou hoje a  praticamente não dormir. Boa noite, transtornados.


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