5 de dezembro de 2011

Detalhes



     Uma obra bem construída carrega uma série de planos paralelos que explicam um tanto como as coisas acontecem e suas consequências. Podemos perceber a falta deste cuidado, que tentaram reverter ao longo dos outros filmes, em Star Wars. No primeiro filme, ou o quarto episódio, a explicação sobre o pai de Luke é um tanto estranha para quem cresceu assistindo já os episódios mais recentes. A impressão de coesão e concordância com as obras posteriores (cronologicamente anteriores) estão ausentes e causam uma sensação bastante constrangedora para os fãs mais fiéis, ao tentarem explicar este lapso.


     É como entender como as coisas funcionam e o motivo pelo qual permanecem é que consolida a ambientação de uma história. Existe um limite para que não se torne uma obra detalhista em demasiado. Mas o que mais me fascina é quando alguns detalhes têm camadas de entendimento. Dependendo de sua bagagem cultural, você compreende melhor as dicas dadas. É como ler um livro pela segunda vez. Você consegue perceber desde o princípio as motivações e justificativas de determinados personagens.


     Em uma das músicas tocadas na última atividade social que participei havia em seu refrão a seguinte frase:


"No plano cartesiano
 só há espaço p'ra eu e você"


     Para muitos, não faz diferença alguma a evocação do método de René Descartes de representação gráfica de pares ordenados para a compreensão da segunda frase. É como se fossem desconexas. Quando se entende um pouco sobre matemática fundamental, logo percebe-se que a segunda frase é apenas uma forma romântica de reconhecer o tal par.


     Eventualmente quem constrói uma obra deixa dicas do alinhamento mental que se encontra quando está trabalhando. Seja referências, citações ou sugestões, todas funcionam como âncoras de nuvens para que saibamos exatamente o que sentia o criador ao soprar o ar da vida em sua arte.


     Conselho do velho Rachid: sempre procure saber da vida do autor do que está lendo, ouvindo ou assistindo.  Compreenda a época que a obra foi criada. Estabeleça os paralelos com a vida contemporânea e aprenda a aproveitar todas essas dimensões destas obras. Pode ter certeza que assim entenderá que muita coisa especial pode ser deixada de lado pela falta da valorização pessoal ou preconceito seu.


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