24 de dezembro de 2011

Fundamentalismo religioso


     Durante uma aula na pacata escola em que trabalho, um aluno interpelou-me com uma espécie de reclamação sobre outra professora que ousou falar um absurdo. Fiquei bastante chateado com o que ouvi. Era algo como um tratado contra o absurdo de se estudar este assunto patético e fantasioso que era a citologia. O maravilhoso mundo das células, do qual sou embaixador. Foi um amor à primeira vista, diferente da crase, quando posso contorno-a sem remorso, quando descobri este ramo de estudo da biologia.


     Uma propriedade fundamental de conjuntos infinitos que, de forma grosseira, pode ser definida como uma bela relação entre cada fragmento e o todo. Quando descobri que nossas células funcionam como pequenos corpos, com seu sistema digestório e respiratório, cheguei a conclusão que o corpo humano mantém esta propriedade de um conjunto infinito! Claro que ainda de forma grosseira, mas faz-nos pensar.


     Este aluno colocava uma das mãos na testa enquanto ainda fazia movimentos de desaprovação enquanto sentava sobre uma das mesas daquela que fora sua sala de aula durante o último ano. Estávamos fechando aproximadamente 230 horas/aula naquele dia. Acompanhado de um outro colega que estava em um mesmo nível de desaprovação, apenas por ter uma voz fanha e aguda, mantinha-se em silêncio. Até que o menino sentado sobre a mesa soltou entre os dentes a seguinte afirmação:


     - Absurdo! Essa mulher está louca! Que célula o quê, somos feitos de barro, tá na bíblia!


     Eu fiquei impressionado com a ignorância desta construção frasal. Tentei argumentar.


     - Não, professor, tá na bíblia!


     Não entendo o motivo pelo qual consideram matemática uma ciência inflexível e intolerante. Afinal as vidas destes dois é regida por sofismas dogmatizados. Nisso se vê o perigo da religião que remove o senso crítico e torna seus seguidores em corpos sem vida, acéfalos.


     Sim, existem pessoas neste mundo que são mais inteligentes do que nós. O que me entristece é que a grande maioria da população não consegue perceber a diferença entre fatos e fantasias. Estes serão facilmente enganados por qualquer um, se já não estão sendo. Usarão matemática para calcular os dez por cento do dízimo, pelo menos.


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