25 de outubro de 2011

Tu és teu próprio deus.

     

     Dizem por aí que o cérebro humano foi feito para acreditar em algo. Mas também dizem que usamos apenas dez porcento de nossa capacidade mental. Isso significa que temos uma capacidade inerte de dobrar a realidade e transportar uma grande quantidade de terra proveniente de um acidente geográfico para uma localização alternativa, vulgarmente falando, temos um cérebro feito para a fé que usamos apenas uma pequena parte. Ou tudo isso é pura falação sem fundamento.

     O que mais me agrada no tal método científico é a ideia de que qualquer experimento pode e deve ser reproduzido em outros lugares aos olhos de outros. E o resultado precisa ser o mesmo. Se não for o mesmo, deve-se reler os papéis, recalcular as variáveis e descobrir de quem foi o erro. Muitas vezes é falta de café. Ou excesso. 

     Toda e qualquer experiência religiosa é pessoal. Assim como experiências com substâncias psicotrópicas. Ou distúrbios. Nada impede que os trate como sua religião. Apenas poupe o mundo deste proselitismo exacerbado. Ou seja, apenas você está certo. Um egocentrismo e culto ignorante ao clero (e à própria ignorância) não nos leva a um mundo menos intolerante. Pelo contrário.

     Eu gosto de me sentir errado. Afinal assim procuro entender o que está acontecendo e, baseado nos argumentos levantados, corrigir o que está faltando. Diferente do que acontece quando a pessoa se considera imagem e/ou semelhante a sua divindade. Divindade esta que procura agradar com as mais diferentes formas possíveis de agradar uma divindade. Afinal é o que ela(s) quer(em). Toda divindade é hedonista e insaciável. Precisa de sacrifício atrás de sacrifício. Umas até entregaram parentes. Umas pedem a vida de filhos.

     Temos medo do desconhecido. O medo é essa sensação de que podemos esperar qualquer coisa, de preferência, ruim. Precisamos nos defender de alguma forma. Nem que seja com aquele pai-de-todos que está em um plano alternativo e nos mantém em observação eterna. Conheço muitas pessoas que tiveram péssimas experiências com seus pais terrenos [sic] e descontam sua ira no pai celestial [sic]. Ou seja, transforma o universo em uma espécie de assembléia onde tudo foi criado para apenas agradar um único ser infeliz que não consegue modificar essa situação pois precisa frequentemente ser lembrado que é o mais poderoso ou adorado deste lugar que ele mesmo criou. Quer dizer.

     Por definição chegamos a conclusão que nossa divindade é inferior ao nosso querer. O que realmente fazemos é oferendas que acreditamos que deixarão nossos deuses alegres. Tudo é simbólico. Tudo é para nós. Logo, somos nossos próprios deuses. O prazer e a satisfação precisa ser nossa. Temos em nossos corações os tronos, catedrais e cultos ao nosso ser. Apenas disfarçamos isso colocando outros nomes quando exteriorizamos. Proponho uma campanha onde cada um de nós assumimos isso.


Set é parceiro.
     Acho válido que mantenhamos nossa cultura viva, inclusive manifestações religiosas, mas com a consciência de que isso não é mais a verdade. Assim como no Rio Grande do Sul mantém-se casas de cultura, chamadas CTG (Centro Tradicionalista Gaúcho). Quem vai em um lugar desse sabe que é um mundo paralelo que cultua o passado. Quem não vai tem o respeito que aquilo já fez parte de nosso povo mas que hoje em dia não é mais tão importante. Religião, assim como mitologia, explica como a humanidade evoluiu o pensamento. Assim como a história da mitologia egípcia explica bem como eram estruturados. A história do deus Set, por exemplo, conta de um período delicado entre os reinos. Após a derrota, foi demonizado, assim como tudo que é inimigo da classe dominante. Permanecer nessa ignorância, é viver em uma época que não soube aprender com o passado e por isso é fadada a encerrar as suas atividades.

     Deus, se existir, provavelmente ficaria grato se deixarem de usar o nome dele para justificar suas fixações. Eu ficaria. Ou eu-deus ficaria.


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