18 de outubro de 2011

Aprender hoje.


     Grande parte do que se aprende em ciências exatas justifica o tão odiado cálculo diferencial. Parte das previsões matemáticas, deduções de fórmulas e a própria compreensão da estrutura de padrões podem ser facilitadas com o uso dessa, como posso dizer, ferramenta. Mas a princípio, o sol não deixará de nascer se não souber derivar a função dele em relação ao tempo. Pergunto-me se em determinado nível do aprendizado, vale mesmo aprender certas coisas. Como as propriedades comutativa e distributiva da multiplicação para quem ainda vive mal por não saber administrar seu dinheiro.

Se não souber administrar seu dinheiro, sua matemática é inútil.
     Aprendizado já subentende que alguma coisa do assunto tratado permanece na memória do sujeito. Quando se fala em aprendizado significativo, apesar de parecer redundante, indica uma linha de pensamento pedagógico específica. É quando o que se aprende reage, se acomoda junto das coisas que o sujeito "já sabia". A melhor sensação (sois livre para discordar) é quando uma ruga de incompreensão se desfaz. Seja sua ou de outrem onde tal situação dependa da sua ajuda.

     Assim como o hábito faz o monge, a repetição de diferentes tipos de situações-problemas afia a própria capacidade de resolver problemas. Aquela série de movimentos que se faz nas artes marciais são para acostumar o corpo. Infelizmente matemática não se vê como arte. Afinal, como arte que é, precisa de imersão para ser compreendida.


     Não se gosta do que não se entende. Algum nível de entendimento sobre o objeto possibilita uma melhor apreciação. Se não entender, não se gosta. Pode mentir dizendo que gosta e entende, mas no seu interior sabe que não. Alguém já mentiu que gosta de matemática? Se bem que hoje em dia com essa moda de ser nerd...


     Para conseguir imergir em algo é preciso de profundidade. Assim como Arquimedes teria feito com uma certa coroa, todos os nossos objetos de apreço são imergidos em nosso poço de personalidade. Se for importante, acrescenta e permanece. Muda um pouco quem somos. Se não, é descartado.
  
     Aprendizado significativo é isso. Acabamos por treinar nossas capacidades, utilizando nossas ferramentas já bem afiadas, para desossar a nova informação. Difícil esquecer quando, como diz Rubem Alves, algum assunto é sensual. Tudo pode se tornar sensual conforme apresentado. Precisa mexer com quem somos para ser sensual. Precisa ser sensual para não ser facilmente esquecido.

Ossos não são sensuais.

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