28 de outubro de 2011

Comum de dois ou "toda necessidade é especial"


     Sua mente é o último reduto. Onde tudo é válido e tudo pode. Como um universo todo seu onde tudo que queres acontece. Seu mundo pode ser livre de todos aqueles que não concordam com sua opinião. Afinal ela é quem diz "faça-se a luz" nesta dimensão. Não há perigos ou mistérios se assim não quiser. Não há quem faça o mal (ou o bem) se não for sob sua presente vontade. Sim, você é seu deus em algum lugar. Mas não se engane pois também sois divindade apenas lá.



     Não existe coisa mais primitiva do que sermos obrigados a fazer o que não queremos. Não sou obrigado a ter amigos amarelos, verdes ou azuis. Afinal não sou obrigado a ter amigos. Não sou obrigado a me casar e ter cinco filhos. Não. Apesar do que aparece na televisão, não sou obrigado a embebedar-me para ser feliz. Café está liberado.

     A grande farsa do século é esta idéia que somos iguais e temos que ser tratados da mesma forma. Pois não. Felizmente não somos. Uns precisam mais dos que os outros. E isso não é bem definido afinal, existem assentos e atendimentos preferenciais. Somos seres empáticos por natureza ou é apenas social o desconforto causado por uma senhora grávida em pé no ônibus que faz com que grande parte da população levanta e dá seu lugar? Se for apenas contratos sociais, em breve não se verá isso. Se é que ainda existe.

     A frequente negação da natureza humana gera situações onde uma pessoa se nega a permitir que alguém em situação mais delicada seja beneficiado. Aliado ao fato de que todos são iguais perante a lei, carga positivista gratuita, geramos criaturas grotescas que mentem descaradamente em programas de televisão de forma perpétua. Mas nada muda. Afinal, estamos todos imersos nesse nosso mundo particular onde tudo foi feito por nós e para nós.

O que está dentro é
igual o que está
fora.
     Não somos obrigados a nada. Participamos de uma sociedade onde parte de nossos contratos foram escritos em uma época obscura aos avanços tecnológicos. Outra parte é mantida pela mídia dominante. A última parte é sustentada pela nossa educação débil e orientações filosófica-religiosas totalmente alternativas ao pensamento racional. Isso faz-nos pensar que conforme ficamos mais velhos, este nosso mundo interno concorre brutalmente com o mundo real. Em determinado momento é esperado mais dos sonhos do que dos amigos. Por fim, perdemos nosso brilho no olho, nosso espírito investigativo e nossa vontade de mudar.

     Não querendo soar como auto-ajuda, mas só estamos tendo mais informações. Tudo sempre esteve ruim. Agora temos mais consciência. No futuro, pode ser que tornemos nosso caminho externo tão divertido quanto é o interno. Afinal, em determinado nível, são o mesmo. Nós somos o ponto em comum aos dois. Depende de nós. Apesar do café, isso soa forte como auto-ajuda.


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